A fundação Madrid 2016 responsável pela candidatura da cidade de Madrí para as Olimpíadas 2016 promoveu concurso em 2008 para as sedes esportivas da candidatura. O concurso foi realizado conjuntamente com o COAM – Colégio de Arquitetos de Madrid – e tinha como objetivo a definição das propostas arquitetónicas a serem incluídas na candidatura das seguintes instalações: Velódromo, Remo, Tiro, Hockey e Pavilhão. Cada concursante deveria apresentar proposta em 3 DIN A1 e os premiados receberam 25.000 euros a título de premio, ficando o desenvolvimento do projeto pendente da definição da cidade sede.
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Velódromo:
Recyclo de P01 Arquitectos (Elena del Pozo Fernández y Esther Catalán Teruel)
Resolução: Facilmente adaptável, devido a que está construída com materiais recicláveis. O jurado valoriza na proposta o fato de converter a desmontagem em fundamento do projeto, assim como a possibilidade de reinstalação que oferece a coberta em otros espaços da cidade.
Painel 1
Painel 2
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Remo:
Madrid deja huella de ACXT Arquitectos (Jesús Mª Susperregui Virto e Laura Espejo Escorial)
Resolução: A proposta cumpre o legado deixando as instalações permanentes, retirando todas as arquibancadas até conseguir todo o aforo disponível para atividades pós jogos. O jurado valoriza a integração da proposta na paisagem, considerando uma intervenção em escala.
Painel 1
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Tiro:
Dermis Terrae de Beatriz López Viedma e David Lubián Gutiérrez
Resolução: A proposta apresenta uma intervenção em escala bem medida, onde ligeiras modificações do terreno crian a arquitetura necessária para o desenvolvimento do programa.
Painel 1
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Hockey:
Madrid en Cinta de Picado – de Blas Arquitectos (Rubén Picado Fernández)
Resolução: A proposta gera uma imagem clara e reconhecível como objeto arquitetónico. O jurado valoriza a instalação dos serviços anexos à proposta em elementos efêmeros com fácil dissolução para o legado.
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Notícia publicada por Pedro Lira.
“O Estado não é uma ampliação do círculo familiar e, ainda menos, uma integração de certos agrupamentos, de certas vontades particularistas, de que a família é o melhor exemplo. Não existe, entre o círculo familiar e o Estado, uma gradação, mas antes uma descontinuidade e até uma oposição (…). De acordo com esses doutrinadores, o Estado e as suas instituições descenderiam em linha reta, e por simples evolução, da família. A verdade, bem outra, é que pertencem a ordens diferentes em essência. Só pela transgressão da ordem doméstica e familiar é que nasce o Estado e que o simples indivíduo se faz cidadão, contribuinte, eleitor, elegível, recrutável e responsável, ante as leis da Cidade. Há nesse fato um triunfo do geral sobre o corpóreo (…)
Trecho do Livro: “Raízes do Brasil”, Sérgio Buarque de Holanda -1936
Sempre coercível o debate da sociedade brasileira e com o da cidade, que, atravessando décadas, detém em essência essa herança pormenorizada de relações humanas…
Clara, desvelada, aqui, quase sempre intercambiada entre os mesmos e semelhantes – variando de situações – agentes da formação de nossas cidades e, por conseguinte, presentes subliminarmente como mantenedores de nossas instituições. Manifesto “o jeito brasileiro” ou “jeitinho” ao qual o autor também revela em nossas relações próximas no trato religioso e familiar, trazendo para si uma intimidade quase patética. O “homem cordial”.
“Formado nos quadros da estrutura familiar, o brasileiro recebeu o peso das “relações de simpatia”, que dificultam a incorporação normal a outros agrupamentos. Por isso, não acha agradáveis as relações impessoais, características do Estado, procurando reduzi-las ao padrão pessoal e afetivo. Onde pesa a família, sobretudo em seu molde tradicional, dificilmente se forma a sociedade urbana de tipo moderno”
Possivelmente, e como recurso de linguagem para evadir se usam aspas e pluralizações – “me parece” – que os comitês, institutos, conselhos, prefeituras e profissionais, não superaram em maior ou em menor escala o nosso carma colonial, em que imperam, sob o auspício de uma democracia do algo quase, uma pseudo-verdade de nação. Tal desejo onipresente de inserção global-capitalista-urbana entra em paradoxo com um contexto “feudal” ou estanque, cheio de amarras sociais e fundamentado num eloquente primitivo, que bem remomora tempos conjugados no pretérito do presente da história do Brasil.
É como se convidássemos o time visitante para jogar bola perto da cerca do latifúndio, condicionando assim, somente o time que convida participar da partida. O público está mais uma vez sentado na metáfora de arquibancadas vazias do comentarista ausente de um jogo imaginário…
Infelizmente não vemos concursos para a candidatura do Rio 2016 ou para a Copa 2014. O Brasil tem pela frente duas grandes oportunidades, com a realização da copa e a candidatura das olimpíadas, de realizar projetos de qualidade e obras a custo correto mediante concursos. Porém até o presente momento tais projetos estão sendo decididos a porta fechada.