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Transcrevemos abaixo o comentário enviado pelo arquiteto Antônio Carlos Coltro, sobre as irregularidades no Concurso Internacional do Museu Exploratório de Ciências da UNICAMP:

“Ao Sr. Marcelo Firer e todos os envolvidos na organização do Concurso em questão,

É com imensa decepção que escrevo para responder ao comunicado abaixo enviado pela reitoria da Unicamp.

Por mais inacreditável e fantasioso que pareça, exatamente no dia estipulado para a entrega dos trabalhos concorrentes ao concurso para o Museu Exploratório da Unicamp (27 de março de 2009) e contados 75 (SETENTA E CINCO) dias corridos – ou 2 meses e meio – desde a data de abertura do período de inscrições, a Entidade Promotora e Organizadora(!) enviou aos representantes das equipes concorrentes um comunicado através do qual a mesma rasga o Edital Original do Concurso e reabre todo o processo:

“Estimados arquitetos,

Já encerrado o prazo de inscrições para o Concurso Internacional de Projeto de Arquitetura para o Museu Exploratório de Ciências – Unicamp, devido a uma deficiência técnica do edital, atendendo a exigências da legislação brasileira, a Universidade Estadual de Campinas deverá republicar o edital, reabrindo os prazos de inscrição e apresentação de projetos do presente concurso.

Enfatizamos que todos os 170 inscritos e todos os projetos recebidos continuam válidos. Estes serão preservados até a apreciação da banca e não há necessidade de os participantes inscritos enviarem novos projetos, embora esta possibilidade lhes seja facultada.

Nos próximos dias todos os inscritos receberão uma cópia do novo edital, incluindo o novo calendário do concurso.

Agradecemos seu interesse e sua participação no concurso e lamentamos os inconvenientes que possam ter sido causados por este imprevisto.

Atenciosamente,

Marcelo Firer
Diretor
Museu Exploratório de Ciências – Unicamp”

Tal fato já seria inaceitável se ocorresse faltando uma semana para a entrega das propostas; ocorrendo no dia estabelecido para as entregas o mesmo tornou-se ABSURDO e ULTRAJANTE.

A decisão mostra total desrespeito e desconsideração por parte da Unicamp para com os concorrentes. A organizadora ignorou todo o trabalho, energia, tempo e investimento despendidos com a confecção das propostas, do material impresso e com a entrega dos mesmos. Provavelmente, também não foi considerada a repercussão que tal decisão causará junto aos concorrentes internacionais.

Seria muito mais sensato e justo com todos os concorrentes se, na segunda fase do Concurso (tendo em vista que haverá uma segunda fase), fossem estabelecidos novos parâmetros (ou seja lá o que for) para os cinco finalistas. Evitaria constrangimentos desnecessários, não seria desrespeitoso com os participantes, e seria um episódio a menos em que o Brasil faria papelão frente aos demais países estrangeiros. Para isso, seria necessário um mínimo de sensibilidade, coisa que a Unicamp demonstrou desconhecer.

Ficam aos Organizadores do Concurso as dúvidas:

1) A Unicamp ressarcirá os gastos dos concorrentes que já entregaram suas propostas caso estes optem por melhorá-las ou revisá-las? Quem assumirá os gastos anteriores com consultorias, maquetes eletrônicas, plotagens, laminação e envio de pranchas?

2) Quais serão os critérios quando forem avaliados um trabalho entregue na data originalmente estipulada e outro na nova data?

3) Qual será a impressão deixada nos concorrentes internacionais?

4) O que justifica a reabertura das inscrições? Quem foi que ficou de fora e que deveria estar participando para que tal decisão fosse tomada?

5) Até quando os concursos de arquitetura brasileiros serão organizados por pessoas e entidades despreparadas e sem sensibilidade?

Infelizmente, faltam-me palavras para descrever a sensação de impotência, decepção e desgosto que sinto após redigir este texto.”

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Para acompanhar os debates sobre o concurso da Unicamp, acesse aqui.