Em janeiro anunciamos aqui no portal os finalistas do concurso realizado pelo Liceu Francês François Mitterand de Brasília para o projeto e acompanhamento de obra da nova sede da instituição na cidade. O projeto vencedor é de autoria da equipe composta pelos escritórios José Tabith (Brasil) e Jean Dubus (França).
Trata-se de um edifício com área estimada em 10.000 m2, a ser construído em terreno situado no Lago Sul de Brasília, com área de 15.000 m2. A capacidade prevista para a nova sede é de 700 estudantes. O custo estimado da obra é de R$ 17.000.000,00.
Sobre o Concurso
Por se tratar de uma instituição coordenada pela Agência de Ensino do Francês no Exterior, do Ministério de Relações Exteriores e Européias da França, o concurso segue a regulamentação daquele país. O concurso – restrito e baseado no anonimato dos concorrentes, conforme regras do Código de Obras Públicas da França – foi realizado em duas etapas:
Etapa 1. Seleção dos candidatos com base nas obras e projetos similares, em especial relacionados à área educacional, capacidade financeira e técnica e motivação da equipe para a realização do projeto;
Etapa 2. Seleção do melhor projeto, baseado em Estudo Preliminar apresentado pelos candidatos selecionados na fase anterior.
Veja abaixo o projeto vencedor e demais finalistas:
(clique nas imagens ou nomes para mais informações sobre cada projeto)
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1° lugar – José Tabith + Jean Dubus
Atualizado em 23.jul.2009
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Finalista – Christian de Portzamparc
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Finalista – UNA Arquitetos e Segond Guyon
Atualizado em 23.jul.2009
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Finalista – Vigliecca e Associados, Rafael Lorente Mourelle, Catherine Berger e Arturo Villaamil
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Critérios de Julgamento:
1. Concepção do Projeto
– Adequação ao programa em termos de organização, dimensionamento dos espaços e fluxos;
– Qualidade Arquitetônica do projeto e do tratamento dos espaços;
2. Pertinência Técnica e Econômica
– Confiabilidade, durabilidade e pertinência econômica das soluções técnicas e construtivas, com o objetivo de facilitar a gestão da obra e a manutenção do edifício;
– Viabilidade construtiva considerando as características do local;
– Estimativa global de custos;
– Estimativa global de prazo
de elaboração dos projetos.
– Organização do escritório de projetos;
3. Questões ambientais e urbanísticas
– Solução de acesso e organização de fluxos em torno do edifício;
– Qualidade da resposta projetual às restrições e condicionantes urbanos;
– Inserção no terreno.
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Fontes: PINI, Liceu Francês de Brasília e José Tabith Arquitetos Associados
independentemente da correta definição para “ousado”, “forma livre”, é bem verdade que a arquitura brasileira se encontra deitada em berços esplendidos, reinventando um passado glorioso e defasada em comparação com outros países, que independente da forma tem construído prédios icônicos e de qualidade indiscutível. eu concordo que a os arquitetos brasileiros tem de sair do arroz com feijão e partir definitivamente para o século XXI. ainda não demos nossa contribuição tropical para a questão da construção sustentável, nem surpreendemos o mundo urbanisticamente desde Curitiba. a invasão dos arquitetos estrangeiros não é por acaso…
Em tempo, nunca fiz apologia da subjetividade, tampouco minha produção pode ser assim descrita. Meus clientes, públicos e privados, prezam pela objetividade e a minha formação só reforça esta característica. O que me intriga é a presteza com que nossa intelligentzia arquitetônica guarda as fronteiras do pragmatismo.
Em pleno Ano Francês: Vive la différence!
Danilo meu caro, ousadia é apenas um dos atributos que o colega sentiu falta. O conjunto de atributos citados por ele “partidos retos visando a técnica(…)propostas de tendências funcionais, etc.” materializam a subjetividade a que me referi como contraponto à objetividade a qual você se referiu.
Entretanto, se o seu discurso “Qual o risco? Qual a responsabilidade maior? Quem assume riscos é o cliente – que paga – e o engenheiro – tanto o que calcula quanto o que executa” não puder ser descrito como objetivo, vamos resolver isto no Armazém do Ferreira…
Rogério,
Não tenho certeza de que a dicotomia objetividade/subjetividade se reflita aqui. Estou só questionando o atributo da “ousadia” em arquitetura. Não acho que “formas livres” sejam “ousadas”. Não acho que “fazer diferente” seja ousado. Simplesmente não acho que “ousado” seja um atributo da arquitetura – como a entendemos hoje. “Ousada” pode ser uma estrutura tão fina que pareça que vai cair, ou uma casa comum na beira de um despenhadeiro… Mas porque “diferente” é “ousado”? Não acho que seja. Diferente pode ser esperado ou previsivelmente inesperado, e nenhuma das duas opções implica em risco, em ousadia, por parte do autor…
Sem entrar em considerações funcionais, o projeto vencedor é esteticamente interessante e muito respeitoso do caráter arquitetônico de Brasília. O que é mais importante, num edifício institucional? Ser ousado, ou ser BOM?
“Vocês sabem o que é muito radical, e muito original? É fazer muito bem o que outros fizeram apenas bem.” (amanhã, neste mesmo canal, nesta mesma hora, revelaremos o autor dessa citação)
Este debate é antigo. Para não irmos muito longe, no século XX, no âmbito do Deutsche Werkbund, debatiam-se os defensores das formas tipificadas (tipysierung) e das formas livres (kunstwöllen), representados por Hermann Muthesius e Henry Van de Velde, inicialmente.
Na primeira metade do século predominaram os objetivos e na segunda metade os subjetivos deram o troco.
Torço por uma bela disputa no século XXI.
P.S.: Caros conterrâneos, deixem o Djalma respirar! Vocês podem sufocar o nosso Mendelsohn.
Haverá de fato este compromisso de sempre ser ousado? Não pode noutra hora, quem sabe, ser polêmico, provocante, quem sabe até mesmo estonteantemente visceral, hein?…
Cada vez mais me pergunto o que é a ousadia.
Será similar ao heroísmo, azar, dizem, daquele que correu por último?
À falta de clareza, frequentemente me vejo lançando mão da adequacidade e da compostura para encontrar algum critério, ainda que ao sabor da imprecisão subjetiva de adjetivos, e com isso costumo perceber em alguns paralelepípedos muitos adjetivos (bem ou mal) aplicáveis a ponto de considerar que um destes, a ousadia, não seja prerrogativa exclusiva da “forma que ainda não existe”.
Esta aguardo aqui na espreita e quando e se aparecer gentileza de me avisar.
Djalma,
Sempre que ouço esse argumento eu fico a me perguntar: o que tem de “ousado” em fazer formas “diferentes”? Qual o risco? Qual a responsabilidade maior? Quem assume riscos é o cliente – que paga – e o engenheiro – tanto o que calcula quanto o que executa. Qual a “coragem” efetiva do arquiteto ao fazer formas aleatórias?
Em geral nos concursos nacionais de arquitetura as propostas vencedoras resumen-se a partidos retos visando a técnica em detrimento da estética, da forma, a plástica enfim. O que teríamos? propostas de tendências funcionais com pouca criatividade formal ou uma comissão julgadora tendenciosa a critérios ortogonais? Vejo pouca ousadia, avanços, ineditismo que é ao meu ver o foco da arquitetura, projetar a forma que ainda não existe.