Wang Shu, arquiteto chinês, 48 anos, titular (ao lado de sua esposa, Lu Wenyu) do escritório Amateur Architecture Studio, é o vencedor do Pritzker 2012.
De acordo com o júri (1):
“A arquitetura de Wang Shu abre novos horizontes, ao mesmo tempo em que tem ressonâncias nas questões do tempo e do lugar. Seus projetos têm qualidade única, ao evocarem o passado, sem necessariamente fazer referências diretas à história. (…) Sua arquitetura é exemplar, pelo forte senso de continuidade cultural e tradição renovada.
Os projetos de Wang Shu têm um raro atributo: o equilíbrio entre a presença monumental e a tranqüilidade necessária às atividades do cotidiano. O Museu de História de Ningbo é um desses projetos únicos, que se destaca nas fotos, mas que é ainda mais surpreendente quando é vivenciado in loco. O Museu é um ícone urbano. A riqueza espacial, tanto no exterior quanto no interior do edifício, é surpreendente. Trata-se de uma obra que expressa força, pragmatismo e emoção, a um só tempo.
Wang Shu sabe como lidar com os desafios da técnica construtiva e aplica o conhecimento a seu favor. Seu enfoque construtivo é ao mesmo tempo crítico e experimental.
Seus trabalhos com materiais reciclados, como telhas e tijolos reutilizados e reaproveitados de demolições, criam ricas texturas e colagens táteis. Trabalhando em colaboração com os trabalhadores na obra, o resultado por vezes carrega certa imprevisibilidade, o que confere a suas obras um caráter espontâneo.”
Wang Shu, que também é professor na Academia de Artes da China, defende os concursos de arquitetura, para que arquitetos locais tenham as mesmas oportunidades dadas aos arquitetos estrangeiros e não poupa críticas ao panorama da arquitetura que tem sido produzida na China, em especial pelos arquitetos do star system, que não parecem ter compromisso com a cultura local:
“Arquitetos renomados, vindos do exterior e sem preocupação com a cultura local, têm sido favorecidos pelo governo chinês. A China não será capaz de cultivar seus talentos se esse favorecimento e preferência aos estrangeiros continuar.” (2)
Uma de suas obras mais celebradas é o Museu de História de Ningbo, que resultou de concurso realizado em 2004.
Sobre o projeto, Wang Shu declara:
“Projetei o museu como uma pequena cidade. Eu queria que minha arquitetura comunicasse às pessoas como a cidade de Ningbo era, antes das transformações urbanas. Há dez anos, era uma bela cidade portuária. Agora, tudo está demolido. Daí tive a ideia de coletar e reciclar materiais de demolição para utilizar no projeto”.(3)
Veja a seguir imagens do Museu de História de Ningbo de Wang Shu, fotografado por Iwan Baan (clique nas imagens para visualização ampliada):
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(1) O Júri do Pritzker 2012 foi composto por: Lord Palumbo (Presidente), Alejandro Aravena, Stephen Breyer, Yung Ho Chang, Zaha Hadid, Glenn Murcutt, Juhani Pallasmaa, Karen Stein e Martha Thorne (Diretora Executiva do Pritzker).
(2) Trecho da matéria intitulada “Bad boy architects & China’s new face”, publicada em novembro de 2011 (disponível em: http://www.chinadaily.com.cn/usa/epaper/2011-10/17/content_13915114.htm)
(3) Trecho da entrevista publicada em movingcities.org, em 2008. Disponível em: http://movingcities.org/interviews/local-hero-an-interview-with-wang-shu/
Olá sou iniciante na área e admirio tais arquitetos que buscam dar sencibildade e caráter para suas obras, dando vida ao ambiente urbano que está a beira do suicidio emocional!
Obrigada a todos por fazerem a diferença!
Wang Shu aplica o conhecimento nas técnicas construtivas, e não a informação, daí o
resultado surpreendente.- Regina c. Schmitt
MARAVILHOSO, DEVERIAMOS PENSAR ASSIM ANTES DE PROJECTAR E QQER OBJECTO URBANO.
Tensões e texturas de um tecido tectônico que se desdobra em vazios internos. Maravilhoso!