1° Lugar  – Recife/PE

Equipe:

Arquitetura: Celso Sales, Luciana Raposo, Carmen Cavalcanti, Manuela Maia

Estudo Urbanístico: Mariana Ribas

Paisagismo: Christoph Jung

______________________________________________________________________

Referência nacional em serviços psiquiátricos desde fins do século XIX, o Hospital Ulisses Pernambucano e seu lote densamente arborizado confundem-se com a história e a paisagem da Zona Norte do Recife. A evolução dos estudos médicos, as exigências da Reforma Psiquiátrica e o interesse de diversos setores da sociedade em apropriar-se daquele espaço levam este conjunto a um momento de transformação: o Parque da Tamarineira, agora desapropriado, tem o compromisso de abrir-se à cidade, desmistificar a loucura e oferecer à população lazer, cultura e educação ambiental, tudo isto convivendo com atividades hospitalares.

A fim de evitar a segregação espacial e garantir comunicação fluida e direta, as intervenções realizadas buscam clarificar a leitura do Parque e das construções históricas mais significativas através da remoção de barreiras e anexos sem qualidade arquitetônica. Dois grandes eixos – que funcionam como largos passeios públicos – estendem-se desde a entrada principal do Parque, na Avenida Rosa e Silva, até a “Matinha”, valioso exemplar de biodiversidade preservado há décadas. Entre estes eixos, um labirinto de vegetação arbustiva faz alusão à complexidade dos percursos da mente humana e constitui-se no elemento paisagístico mais forte do projeto: sua estrutura abrigará obras de arte, bancos, espelho d’água e peças interativas que estimularão o caminhar e a descoberta. Extensos gramados remontam a antiga atmosfera de Sítio, de Pomar Urbano, enquanto playgrounds e equipamentos destinados à prática de exercícios físicos dão dinâmica aos diversos setores do Parque.

O acesso ao Parque também poderá ser feito pela Avenida Norte, o que facilitará a circulação de pedestres entre esta avenida e a Rosa e Silva.  A requalificação do Riacho do Jacarezinho, que atravessa o Parque, é outro ponto fundamental da proposta, pois funcionará como modelo de despoluição de cursos d’água em Recife.

As funções propostas aos edifícios históricos tombados incluem Auditório, Museu e Centro de Convivência de Saúde Mental, esta última prevista no programa da Reforma Psiquiátrica. O Pavilhão da Sustentabilidade, novo bloco construído com metodologia LEED – Leadership in Energy and Environmental Design – abrigará exposições com temáticas voltadas a sustentabilidade e meio-ambiente.

Além disso, será erguido um novo setor hospitalar destinado à Emergência Psiquiátrica, cujo acesso se dará pela Avenida Cônego Barata.

Sob o aspecto urbanístico, o Parque Público da Tamarineira deverá fazer parte da rota de integração de parques, prevendo a conexão com o Plano Municipal de Parques e o Projeto Capibaribe Melhor. Sugere-se a criação de rotas lindeiras à margem norte do Rio Capibaribe, associadas e compartilhadas a modais não motorizados, o que inclui a melhoria da circulação de pe­destres e o incentivo ao uso de bicicletas como equipamento de deslocamento. O foco principal desta integração é promover melhoria significativa na qualidade de vida e estimular a apro­priação do espaço público pela população recifense.

 Ata de Julgamento – “O projeto escolhido como primeiro colocado agrega os seguintes atributos:

  • Clareza e legibilidade no objetivo da proposta;
  • Novas áreas de construções bem localizadas, com arquitetura neutra e de qualidade, valorizando o entorno e ressaltando o patrimônio existente;
  • Traçado de indubitável legibilidade em seus acessos e percursos;
  • Homogeneidade do tratamento e compreensão do parque em sua totalidade;
  • Correta proposta de nova ligação urbana entre as Avenidas Norte e Rosa e Silva;
  • Propõe novo acesso à “Matinha”, diferenciada em relação ao restante da área;
  • Correta recuperação e valorização do curso d’água, conferindo a ele destaque no espaço como elemento de paisagem, articulador de caminhos e acessos;
  • A proposta reúne, no estudo preliminar, as condições de factibilidade e exeqüibilidade necessárias ao desenvolvimento dos projetos e implantação do parque.”

______________________________________________________________________

Agradecemos aos autores pela disponibilização do material para publicação.