2° Lugar – Recife/PE
Equipe:
Responsável pela Equipe: Luís Eduardo Moriel Carneiro
Arquitetos e urbanistas: Alexandre Campelo, Cristiano Felipe Borba do Nascimento, Lícia Cotrim Carneiro Leão, Luiz Marcos Carvalho, Marise Diniz da Costa Cirne Danvalgil, Robson Canudo da Silva, Rodrigo Cabral de Vasconcelos e Vera Christine Cavalcanti Freire.
Estagiários: Luiz Augusto Dutra Souza do Monte, Victor Carvalho Valença e Rodrigo dos Passos Tavares.
Historiadora: Virginia Pernambucano de Mello
Arte educadora: Maria Christina de Lucena Machado
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CAEM OS MUROS. CELEBRA-SE A VIDA! COMPREENDE-SE A LIBERDADE…
As referências ao antigo Hospital Psiquiátrico Ulysses Pernambucano, ou Hospital da Tamarineira, muitas vezes são negativas – o isolamento, a exclusão, a loucura, o preconceito… As diretrizes atuais para o tratamento psiquiátrico renegam as instituições totais, como é o caso do antigo Hospital de Alienados. Mas é preciso lembrar que ali foi também um local de grandes revoluções, muitas delas, marcos de pioneirismo na história médica nacional. O próprio edifício do século XIX é um exemplar de valor patrimonial indiscutível.
Sabe-se que o passado da instituição não pode ser esquecido. Mas, contemporaneamente, precisa ser interpretado. E esta oportunidade nos é dada através da demanda de um novo parque para o Recife. Um parque que deve não somente ser utilizado, mas também reconhecido como um espaço para a vida urbana pública, livre.
A derrubada dos muros, é o mote inicial do projeto, que, agora, deitados no chão do parque se transformam em equipamentos para a vida no espaço público livre – bancos, taludes, abrigos… a subversão do sentido anterior – de isolamento – é o símbolo da mudança e se transforma em um registro da memória do lugar.
Outras premissas se agregam a esta, dando corpo à proposta:
(a) a abertura de visadas, a liberação do terreno para o uso público, a constituição de conexões com a malha urbana – ideia é ter o novo Parque da Tamarineira como um elemento programaticamente diverso, contribuindo para a capacidade de circulação de pedestres e ciclistas através da cidade com um qualidade ambiental referencial;
(b) a relação do equipamento com o sistema de drenagem do Recife – o Parque é uma infraestrutura verde ativa para o equilíbrio hídrico da sua região;
(c) a integração das suas áreas livres com os espaços dos edifícios hospitalares – novos edifícios são propostos no projeto, de modo a fazer com que o Parque permeie os espaços de tratamento ainda existentes;
(d) a constituição um núcleo de alta variedade programática no edifício histórico do hospital original, unindo saúde física, mental, produção de conhecimento e arte – uso cultural, a permanência dos espaços para produção artística e arteterapia, espaços de pesquisa e a oferta de um Spa Urbano;
Além do mais, propõe-se o entendimento do Parque não só como lugar de contemplação ou da prática de atividades físicas. O Parque da Tamarineira deve comunicar como um museu, mas sem a necessidade da exposição de um acervo material. Definindo um trajeto interpretativo do imaginário, através do edifício histórico, apresenta-se uma série de experiências arquitetônicas que permitam ao visitante refletir simplesmente por caminhar no espaço público – um pátio para as memórias, uma esplanada para as visões de futuro, um passeio sinuoso e reflexivo em meio à Matinha.
Diante disso tudo, o Parque da Tamarineira nunca deve ser um equipamento público imutável. O que a proposta oferece é a consolidação de uma infraestrutura de espaços públicos para a mobilização de diversas atividades plurais – desenvolvimento da saúde, do conhecimento, da arte e do entretenimento livre. Mais do que oferecer projetos fechados para a sua ocupação na microescala – mobiliário, equipamentos, objetos – entende-se o parque como uma plataforma aberta à experimentação e à criação.
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Agradecemos aos autores pela disponibilização do material para publicação.