
O High Line, parque urbano inaugurado em 2008 em Nova Iorque, é definitivamente um dos espaços públicos mais celebrados e visitados na cidade nos últimos tempos e tem se tornado uma referência mundial pela qualidade do desenho urbano e pelo sucesso como estratégia de renovação de áreas centrais degradadas.
Mas o que poucos sabem é que o High Line é o resultado de um amplo processo de parcerias e debates entre a comunidade local e a municipalidade de Nova Iorque, que incluiu um Concurso Internacional de Ideias, realizado em 2003, e posteriormente um Concurso de Projetos com etapa de pré-qualificação, realizado em 2004.
Veja a seguir um pouco da história e dos registros desse processo:
O que é o High Line
O High Line é um parque urbano linear, implantado sobre uma linha férrea elevada construída em 1930 e posteriormente desativada, no lado oeste de Manhattan.
Em 1999, diante de ameaças de empreendedores que pretendiam demolir o elevado, um grupo de residentes da vizinhança criou a ONG Friends of the High Line, com a missão de transformar a estrutura elevada até então abandonada em um espaço público repleto de áreas verdes e passeios. Depois de três anos de planejamento e negociações jurídicas, a ONG convenceu a municipalidade de que o High Line traria grandes melhorias para o ambiente construído e estimularia o crescimento econômico da área. Em Dezembro de 2002 a Cidade de Nova Iorque deu o primeiro passo, mudando a legislação e transformando o elevado em um espaço público para circulação de pedestres.
Concurso Internacional de Ideias – 2003
Em Janeiro de 2003, a organização Friends of the High Line anunciou o concurso internacional de ideias Designing the High Line, com o objetivo de reunir e selecionar propostas inovadoras de transformação e reutilização do espaço. Os projetos não deveriam necessariamente ser práticas e realistas, uma vez que a intenção daquele concurso era criar novas visões e reflexões sobre o lugar. 720 equipes, de 36 países, submeteram propostas para o concurso. Os quatro premiados, além das menções e mais de 150 projetos selecionados fizeram parte de uma grande exposição, inaugurada em Julho de 2003. Clique aqui para conhecer os projetos premiados do concurso de ideias.
Concurso de Projetos com Pré-qualificação – 2004
Em 2004, a partir dos debates e reflexões gerados pelo concurso de ideias de 2003, o Friends of High Line e a municipalidade de Nova Iorque lançaram um processo de seleção que incluiu uma pré-qualificação de candidaturas, seguida de um concurso de projetos. 52 equipes fizeram parte da primeira etapa de seleção, dos quais 4 foram destacados como finalistas. Os 4 escritórios finalistas foram convidados a apresentar soluções projetuais para a área. As propostas fizeram parte de uma exposição aberta ao público em Nova Iorque, no verão de 2004. Clique nos links a seguir para conhecer os projetos finalistas:
James Corner Field Operations and Diller Scofidio + Renfro
Zaha Hadid Architects with Balmori Associates, Skidmore, Owings & Merrill LLP, and studio MDA
Steven Holl Architects with Hargreaves Associates and HNTB
TerraGRAM: Michael Van Valkenburgh Associates with D.I.R.T. Studio and Beyer Blinder Belle
Em Outubro de 2004, uma comissão composta por representantes da municipalidade de Nova Iorque e da ONG Friends of the High Line selecionaram o projeto da equipe formada pelos escritórios James Corner Field Operations (paisagismo) and Diller Scofidio + Renfro (arquitetura). Clique aqui para a ficha técnica completa do projeto.
Veja a seguir vídeo sobre o projeto:
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A primeira etapa do High Line foi inaugurada em 2008. Clique na galeria a seguir para a visualização ampliada das imagens registradas pelo fotógrafo Iwan Baan (fonte: Friends of the High Line).
Perfeito! Imaginei tantas coisas diferentes que podem ser feitas atraves desta ideia! São Paulo precisa muito de projetos assim!
Adorei estão de parabens!
:D
Fantastica a ideia, fantastica a realizaçao!!!
Una componente importante del proyecto, es que esta en New York, con vistas a la ciudad que no serían posible desde el nivel de la calle.
Eu faria equivalente em todas as ruas das grandes cidades (mas não me refiro ao design; como ele significa no senso mais comum). Mas tal como aqui o trem foi removido, removeria os automóveis. VLTs (superfície ou aéreo) ou metrô (subterrâneos) os substituiriam; como também micro-ônibus, vãs, bicicletas etc. Da mesma forma, podemos ter, multiplicado, com este exemplo, a perspectiva de nos vermos numa paisagem urbana densa que priorize o habitante tal como ele é (e a arquitetura num corpo a corpo, já perdido; que retornaria): feito de carne, ossos, sentidos, afetos… podemos fazer ideia de quão mais interessante seria a vida numa cidade não interrompida por esta joça que são os automóveis, uma cidade cheia de níveis e dispositivos para ligá-los. O espaço, sem interditos, expressaria mais a complexidade do que vai por nossas mentes e relações (e elas são mais que tudo de carne, diante da ‘pedra’, o construído), com suas sobreposições. O automóvel é um dispositivo primitivo e incompatível com a vida exponenciada que a densidade urbana nos permite. Neste projeto, a bobagem pseudo ecológica com matinhos, uma eventualidade de mudar aqui ali o que deveria ser mudado de modo disseminado, não é o que interessa. É preciso ver ‘através’ do que nos dizem. Aqui, cabe ultrapassar o entendimento que nos é dado mais facilmente.
O cenário urbano é semalhante. A proximidade do viaduto com os edifícios idem. A degradação do entorno também foi parecida.
A única diferença entre essa “high line” e o Elevado Costa e Silva em São Paulo, ou a Avenida Perimetral no Rio é que os dois últimos não foram, ainda, abandonados.
Passou muito da hora de buscar alternativas eficazes de não prejudicar o trânsito que circula por essas vias elevadas e devolver seu espaço para a cidade à exemplo de Nova Iorque. Isso não é gasto. É puro investimento. O entorno se recupera, ganha vida, retoma importância e a estrutura vira protagonista e não um mero e incômodo figurante.