Como parte da seção obras construídas publicamos o projeto Arquivo de Euskadi, em Bilbao, na Espanha, de autoria do escritório espanhol ACXT. O projeto resultou de concurso realizado em 2007. A obra foi concluída em Junho de 2013. Veja a seguir o projeto.
Memorial Descritivo
(texto enviado pelos autores; traduzido e editado por concursosdeprojeto.org)
O edifício está situado na rua María Díaz de Haro, em um lote com 20 metros de largura e 70 metros de profundidade, em uma das quadras da malha de expansão urbana planejada (ensanche) da cidade. No subsolo, o edifício ocupa a totalidade do lote. A partir do térreo, ocupa os primeiros 25 metros, seguindo os critérios estabelecidos nas normas urbanísticas.
O programa está organizado por pavimentos, em função do nível de controle de acesso aos distintos usos do edifício:
Nos pavimentos térreo, primeiro e superior, encontram-se os usos públicos de livre acesso, tais como o salão principal (hall de acesso), a recepção, salas de exposição e o salão de atos, que também pode ser utilizado como espaço multifuncional. A partir do salão principal, no térreo, pode-se acessar o jardim, situado no pátio interno, no interior da quadra, espaço concebido para receber diversos usos, como exposições ao ar livre, áreas de leitura ou projeções.
O segundo pavimento se encontra a sala de leitura e consulta de documentação, cujo acesso ao público é restrito, mediante controle e registro na recepção.
O restante dos pavimentos abriga as zonas administrativas, laboratórios, áreas de tratamento dos documentos, cujo acesso é privativo. No subsolo, também de acesso restrito, estão situados os arquivos de documentos, salas de instalações e garagem. Esses espaços têm acesso direto da rua por meio de um elevador de veículos e cargas.
A fachada principal recebeu fechamento painel em vidro, cuja superfície foi tratada de forma irregular, a fim de aumentar a percepção do edifício, romper com a linearidade da rua e marcar sua localização em relação ao entorno. A fachada é tratada de forma transparente, a fim de que o funcionamento do edifício seja percebido a partir do exterior. O vidro dessa segunda pele (externa) é serigrafado, com alguns dos textos que se conservam no arquivo, de maneira que não se entenda o edifíçio como um lugar hermético, privativo e alheio ao cidadão.
A fachada interna foi projetada com uma linguagem que procura estabelecer um diálogo formal com o resto dos edifícios que circundam o pátio interno da quadra, sem renunciar ao caráter contemporâneo do edifício. Com essa fachada e com o jardim, busca-se uma imagem agradável aos usuários do pátio, procurando dar qualidade a um espaço que em geral é pouco cuidado, nos edifícios do entorno.
No espaço interior do edifício são utilizados pés-direitos duplos e conexões visuais entre pavimentos, recursos que enriquecem as relações entre os distintos usos existentes no edifício. As áreas de trabalho são claras, translúcidas, livres de pilares e flexíveis, a fim de facilitar a adaptação e as possíveis mudanças funcionais.
O uso da iluminação e da ventilação naturais foram potencializados no projeto. Mesmo os espaços do subsolo, como depósitos e arquivos de documentos e garagem, situados 20 metros abaixo do térreo, recebem iluminação e ventilação naturais. O mesmo ocorre com os núcleos de circulação vertical e os sanitários, configurando-se em espaços de permanência e de circulação bem iluminados e agradáveis.
As paredes de contenção, que ocupam a totalidade do lote, foram executadas por meio de “hidrofresa” (sistema inovador de execução de fundações, com em equipamentos hidráulicos), de tal maneira que já estavam concluídas antes da escavação do terreno. Tal decisão técnica reduziu o tempo de execução dos pavimentos em subsolo, além de reduzir a vibração nos edifícios vizinhos, alguns deles com mais de 100 anos.
O uso principal dos três primeiros pavimentos do subsolo é o arquivo de documentos, com capacidade de armazenas 20 km lineares de estantes, dotados de instalações de climatização para controle de temperatura e umidade, assim como sistemas de proteção e combate a incêndio.
O sistema de climatização foi projetado tendo em vista a eficiência energética, ao buscar aproveitar ao máximo as condições interiores e exteriores para reduzir o consumo de energia. Além da tomada de ar no pátio interno do lote, foi projetado um jardim com vegetação, que ajuda a refrescar o ar nos meses mais quentes, colaborando para a eficiência do sistema.
O uso da energia para iluminação foi reduzido, com o uso de equipamentos de alto rendimento e com o aproveitamento da luz difusa para iluminação de todas as áreas de circulação nos subsolos e garagem, conforme mencionado anteriormente. Tais espaços, graças ao uso de cores claras e grandes vazios, são bem iluminados durante o dia, sem necessidade de iluminação artificial, apesar de estarem situados a 20 metros de profundidade.
Ficha Técnica
Projeto: ACXT
Arquiteto
Gonzalo Carro
Colaboradores (Projeto)
Ion Zubiaurre, Javier Manjón, Oscar Ferreira da Costa
Assistência Técnica
José Ramón Rodríguez, Carlos Olmedillas, Virginia Martín, Luis Miguel Escalona, Rebeca Pesquera, Natalia González Matrelle, Roberto Fernández de Gamboa, Inés Uribarren Rua
Fundações e Estruturas
Miguel Angel Corcuera, Romina González
Instalações Elétricas e Telecomunicações
Álvaro Gutierrez-Cabello, Miguel García, Susaeta iluminación, Estibaliz Lekue, Ignacio Alcázar
Sistemas de Climatização
Álvaro Gutierrez-Cabello, Rafael Pérez, Mikel Aguirre, Lorena Muñoz
Instalações de Águas
Álvaro Gutierrez-Cabello, Lorena Muñoz
Construtor
FERROVIAL Agroman SA
Área
8.550 m2
Ano de projeto/concurso
2007
Ano de conclusão
2013
Fotografia
Aitor Ortiz
Agradecemos ao escritório ACXT pela disponibilização do material para publicação.