Zaha Hadid venceu o concurso para a futura sede da autoridade do Porto de Antuérpia, na Bélgica.
1° lugar – Zaha Hadid – Autoridade Portuária da Antuérpia – Bélgica
O projeto tem como objetivo a centralização das atividades administrativas e dos serviços técnicos da Autoridade Portuária, além de solucionar problemas de densidade de ocupação na área atualmente ocupada. A previsão é que o novo edifício seja concluído em 2013.
Além de oferecer melhor infra-estrutura, a nova sede da Autoridade Portuária irá contribuir para o desenvolvimento e a melhoria de parte da cidade conhecida como Het Eilandje. As prescrições do programa do concurso indicavam que o novo edifício deveria cumprir papel simbólico e destacar a importância econômica da instituição para a cidade e a região. Ainda de acordo com os organizadores do concurso, deveriam ser garantidos, no projeto, os princípios da sustentabilidade.
O concurso, lançado em 2007, foi realizado em duas fases. Na primeira fase concorreram cerca de 100 escritórios. Os finalistas foram:
- Consortium of TV A2O Architecten / Atelier Kempe Thill / Marcq & Roba / BEG – Bélgica
- Vier Arquitectos – Espanha
- Xaveer De Geyter Architects – Bélgica
- Zaha Hadid Architects – Inglaterra
- Rapp + Rapp – Holanda
A comissão julgadora destacou os seguintes aspectos na proposta e no perfil do escritório de Zaha Hadid:
- O projeto preserva a dignidade do edifício existente (como um monumento histórico), optando por adicionar um novo objeto no lugar;
- A equipe de Zaha Hadid se destaca por sua capacidade de desenvolvimento de projetos e pela sua capacidade em potencial de alcançar alta qualidade arquitetônica, em um projeto que pode se tornar uma “vitrine comercial” para a Autoridade Portuária.
O custo estimado do novo edifício é de 31.5 milhões de Euros (excluídos os honorários do escritório de arquitetura). A área de construção estimada é de 12.000 m2.
Demais finalistas:
Fantástico, como boa parte de suas obras. Zaha Hadid possui o que muitos não têm: sensibilidade. Sensibilidade com o tema, com o espaço, com o TEMPO. A exclamação de uma arquitetura transgressora dos preceitos pobres que por muito tempo assombraram a profissão. Arquitetura como arte, como choce, como instrumento de evocação dos sentimentos humanos. Como representação da dramaticidade do seu tempo, em fator escultórico análogo à espécie animal a qual o utilizará. Aliás, transgressão do próprio conceito primeiro de uso de uma edificação: um prédio não é apenas um prédio, o ser humano não mais habita as cavernas, e sim os objetos livres em suas três dimensões.
Aliás, de preceitos rígidos e inflexíveis como muitos que são compartilhados nos sistemas acadêmicos, o desenvolvimento desse facilmente pode evoluir a um pré-conceito, cego, burro e ortodoxo, que é nada mais do que anti-arte. Do que a anti-expressividade. Do que a anti-dramaticidade. E por fim anti-humanização em prol de uma hipocrisia vulgo-racionalista.
Tenho vergonha é dos pseudo-arquitetos que nem ao menos orbitam sobre a arte e definem à sua ótica fundamentos para a arquitetura que não passam de meros decorativismos funcionais às necessidades básicas de habitação. Cada qual com suas regras abstratas e ilegíveis, numa erudição inacessível até mesmo ao mais bem dotado. Se fosse esse o papel da arquitetura: de em sua simploriedade cobrir o ser humano com um teto e paredes, quando raro tendo agregado conceitos abstratos e ilegíveis, vamos abrir mão de toda nossa capacidade artística e nossos diplomas para descansar numa pseudo-vernacularidade com todo o gozo que a mediocridade técnica tem a nos oferecer.
Ou melhor,vamos retroceder ao Renascimento, eleger a caixa simples e banal e nos destinar a, enquanto desenhistas das regras pré-estabelecidas, reproduzir protótipos perfeitos e sem qualquer pertinência às singularidades, oscilações e nuances do sentimento humano. Quem sabe assim acabe de vez a dúvida sobre ser ou não a arquitetura uma profissão no campo das ciências huamanas…
Pedro, que você diz não corresponde à verdade. Digo com conhecimento de causa, pois estive na Fábrica Vitra, em 2005, em uma visita guiada e este fato foi totalmente esclarecido. Ocorre que a fábrica é grande, mas não o suficiente para possuir uma estação daquele porte. Por isso, na maior parte do tempo a estação fica vazia, mas aberta à visitação. Criou-se um mito de que os bombeiros não apreciam a arquitetura da estação, o que é um mito. Contudo, o que os diretores da fábrica queriam mesmo era construir um legado arquietônico, talvez por isso chamaram a Zaha Hadid. Como se sabe, a fábrica conta ainda com obras de Siza, Grimshaw, Tadao ando e Gehry.
(3) tipologias e geometrias vigentes na produção de arquitetura foram desafiadas; (4) o repertório formal-espacial da arquitetura foi expandido
Tá. E daí? Expandido para melhor? A distinta senhora projeta um quartel de bombeiros que os bombeiros se recusam a usar… Ahhhh, claro, essa é uma obra-prima que “só as pessoas inteligentes enxergam”. Desculpe a minha ignorância histórica de pensar que a Zaha está nua…
Obviamente um concurso como esse já está, desde a composição do corpo de jurados, direcionado para preferir uma maluquice anti-funcional e antiestética como essa. Por isso a responsabilidade pelos escombros premiados recai não sobre os escritórios específicos, mas sobre toda a profissão.
Conta-se que certa vez o Eisenmann (ou algum outro desses) foi projetar um edifício para uma companhia japonesa. O dirigente da empresa alertou o arquiteto: “cover! It must have cover!” O arquiteto, perplexo, respondeu: “claro, claro que vai ter cobertura.” E o dirigente, apontando para uma revista: “No, this cover!”
Essa arquitetura de concurso é feita e premiada para isso: cover! Não importa se no mês seguinte ela estiver obsoleta e esquecida e se começar a despencar logo depois de construída.
“Era tão bom quando a Zaha Hadid não saia daquelas pinturas…” “Que coisa ridícula…”
Esse tipo de crítica não constribui, é ignorância histórica. Não é assim que se apresenta uma palavra crítica.
Acho mais ridículo o historicismo tardio disfarçado de sustentável.
Quando Zaha Hadid saiu daquelas pinturas (1) a mulher ocupou definitivamente um lugar na elite da arquitetura mundial, onde imperava o homem; (2) idéias tradicionais de espaço, prática, processo, representação e construção foram provocadas; (3) tipologias e geometrias vigentes na produção de arquitetura foram desafiadas; (4) o repertório formal-espacial da arquitetura foi expandido; (5) a arquitetura ganhou obras-primas incontestáveis como a Estação Intermodal de Estrasburgo, na França; a Estação de Bombeiros da Fábrica Vitra e o Pavilhão Landesgartenschau, em Weil am Rheim, na Alemanha; o Rosenthal Center for Contemporary Art, em Cincinnati-EUA. Portanto, teríamos todos a lamentar sua ausência no cenário da arquitetura contemporânea.
Por isso, e pelo fato do propósito deste site ser a discussão sobre as questões que envolvem os concursos de projetos, eu comentaria apenas um aspecto que é pouco discutido neste tópico. Todo grande concurso é precedido de um estudo de viabilidade, geralmente realizado com a consultoria de especialistas, que estabelecem regras, diretrizes e indicações para o projeto, posteriormente condensadas nos editais; regras estas que raramente são desafiadas pelos competidores, sob o risco de penalização. Diversas vezes essas diretrizes são extraídas de estudos preliminares realizados pelas consultorias, a título de especulação de possíveis soluções para o problema arquitetônico que se coloca. De modo que, cabe aqui questionar: (1) até que ponto os editais influenciam a soluções apresentadas nas competições? (2) eles carregam em si uma intenção prévia que pode não ser formal-espacial, mas que é essencialmente programática e até tipológica? (3) qual deve ser o limite dessas diretrizes? (4) como os editais poderiam ser mais flexíveis para permitir uma atitude mais reflexiva e crítica, da parte do competidor, sobre o problema arquitetônico que se coloca?
Em um concurso para um Centro de Conferências em Córdoba, Rem Koolhaas transgrediu radicalmente as regras, quando escolheu um sítio diferente do proposto pelo edital para a implantação do tal centro, o que o fez vencedor. Uma estratégia fruto de uma reflexão sobre a condição estabelecida pelo edital, que na visão do arquiteto não era a melhor.
Neste sentido, eu confesso que não compreendi muito bem o propósito desse concurso em Antuérpia, pois ao que tudo indica o próprio edital sugeriu essa condição, a de um edifício em cima do outro – o que absolveria Zaha Hadid, bem como os demais competidores.
Que coisa ridícula… Depois reclamam que a nossa profissão não é respeitada.
Parece que vale tudo…era tão bom quando a Zaha Hadid não saia daquelas pinturas…