3º Lugar
Autoras: Gabriela Bandeira Advincula, Carolina Ramos Almeida e Maíra Oliveira Guimarães
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Quando o cruzamento vira ponto de encontro
A proposta de revitalização da plataforma rodoviária vem ao encontro dos desejos e objetivos básicos do plano original sob os olhares de jovens futuras profissionais, em uma releitura pós-ocupacional mais de 50 anos depois das primeiras idéias do mestre Lúcio Costa sobre a ainda nova cidade Brasília.
Entendemos e admiramos a iniciativa do concurso, visto que expressará os pensamentos de uma classe de futuros profissionais arquitetos e urbanistas, responsáveis pelas próximas intervenções e reformulações urbano espaciais para adequação das cidades a ideais mais verdes, tema tão em voga. Representa, igualmente, nosso primeiro verdadeiro desafio em busca a amadurecermos nossa consciência arquitetônica e urbanística, desafio potencializado pela grande complexidade que é analisar e revitalizar a área central de uma cidade como Brasília, cheia de suas peculiaridades e importâncias histórica, artística, e geopolítica.
“Não se chega a uma idéia de cidade a partir de uma idéia de espaço; ao contrário a busca de categorias fundamentais das funções da vida social. É, portanto, o processo metódico que leva à definição do espaço, por conseqüência, da arquitetura.”
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É tão distante assim uma cidade em que seus habitantes estão assistidos por um transporte público de excelência, barato e de total abrangência na malhas urbana? Pensemos o quanto é gasto com a manutenção das vias e dos sem precedentes grandes estacionamentos de Brasília. Em uma cidade com um veículo para cada dois habitantes, o quão agredido não é o clima local e a atmosfera geral, e quão agressiva pode ser a experiência que nos condicionamos a vivenciar todos os dias, em engarrafamentos, em trânsitos barulhentos, em passeios pedonais obstruídos e de precária manutenção, em insuficiente sistema de transporte público que ainda não supre as necessidades e desejos de seus usuários? Será que os esforços da população devem voltar-se ao alcance de condição econômica para adquirirem cada vez mais veículos particulares ou devem voltar-se a reivindicação de uma infra-estrutura urbana que seja compatível com os direitos da população? Um turista, ao hospedar-se nos setores hoteleiros, tem respaldo no transporte público para deslocar-se com autonomia pela cidade sem gastar com um das mais caras taxas de taxímetro do país? A Brasília da Unidade Vizinhança, das amplas áreas gramadas e dos passeios sombreados das Superquadras é a realidade de quem, e de quantos?
Como em um “gesto primário de quem assinala um lugar ou dele toma posse”, nos apoderamos do centro social e geográfico de nossa cidade, tendo como desejo inicial o alcance de proposições finais que, respeitando e principalmente homenageando a simplicidade e beleza originais, também restituam à sociedade a noção de grande centro como agradável trecho de percurso rotineiro e do divertimento. Na tentativa de estabelecimento de novos preceitos de compreensão de nossa cidade, reinventando o simbólico cruzamento das Escalas Monumental e Residencial, em uma clara tentativa de humanizá-las, bem como introduzimos diretrizes para um sistema de transporte ciclo-viário mais responsável e sustentável. (…)
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Fonte: Brasília Cidade Verde
Colaboração Editorial: Ana Barusco