Concurso para o Centro Administrativo do Maranhão

Primeiro Lugar

Autor/Coordenador: Arthur de Mattos Casas
Cidade: São Paulo – SP
Co-Autor(es): Gabriel Ranieri, Joana Oliveira, Luís Eduardo Loiola, Nara Telles, Pedro Ribeiro, Rodrigo Tamburus
Colaborador(es): Daniela Diniz, Eduardo Mikowski, Mariana Santoro
Revisão de texto: Luiza Costa

 

 

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Memorial Descritivo

CONTEXTO
O projeto de um edifício é sempre resultado de uma reflexão a respeito da identidade de uma cidade por meio das relações que se estabelecem entre arquitetura, paisagem e comunidade. A tarefa que se coloca para a requalificação espacial do Centro Administrativo do Governo do Estado do Maranhão é a concepção de um novo modelo de ocupação do solo, que promova significativa melhora na realidade de São Luís
e que, concomitantemente, fomente o subconsciente simbólico de seus habitantes. O município se divide em dois polos antagônicos e fisicamente separados pelo Rio Anil. De um lado encontramos o belíssimo, porém abandonado centro histórico, tombado pelo IPHAN e patrimônio da humanidade. Do outro, junto à faixa litorânea, a cidade nova, caracterizada pelo paredão de torres habitacionais onde mora a parcela mais abastada da população. Em uma região estratégica da cidade, no exato ponto de convergência de duas grandes avenidas – as principais conexões viárias entre essas centralidades – encontra-se a área de intervenção. A ocupação atual do sítio é o retrato de um urbanismo predatório e falido. O terreno, originalmente uma área de mangue, foi transformado num tapete ininterrupto de asfalto. A percepção dessa superfície não edificada é inequívoca: trata-se de um espaço árido, que não se articula com o entorno e, definitivamente, não pertence ao pedestre. O conjunto construído se apresenta para a cidade como uma massa disforme e caótica. Toda a infraestrutura é decadente e sua ocupação interna beira a insalubridade.

De modo a reverter o quadro atual apresentamos aqui um amplo plano de estruturação
do território que visa, antes de tudo, a integração do complexo com a trama
urbana adjacente assim como a construção de uma identidade que reflita o caráter
publico das instituições que abriga.

A CONSTRUCAO DO ESPACO PUBLICO
A necessidade de manter as edificações existentes e, consequentemente, sua
implantação ilógica pautaram, desde o inicio, a definição do partido arquitetônico.
Propor um desenho que ao mesmo tempo conectasse o conjunto edificado e gerasse
vazios, em harmonia com as pré-existências, foi o desafio que nos colocamos.
O terreno encontrado, um chão dominado pelo sistema viário caótico, foi totalmente
descaracterizado no passado, deixando-nos livre para explorar o desenho de uma
nova topografia, potencializando as ligações com o entorno, ocultando estacionamentos
e contrariando a lógica da ocupação original. O terreno torna-se, assim, um
plano flexível, um espaço de articulação entre a cidade e a natureza urbana.
O elemento estruturador do conjunto, um embasamento de concreto encastrado
no terreno, completa a nova geografia construída, duplicando o solo urbano e estabelecendo ligações com as duas frentes urbanas adjacentes: a Avenida Jerônimo de Albuquerque e a Avenida Euclides Figueiredo.

O térreo superior, em continuidade com a rua, amplia e transfere para dentro do lote
os passeios públicos. Essa diluição de fronteiras entre o público e privado permite com que o pedestre transite fluidamente entre a escala metropolitana e a escala local. O térreo inferior, um desdobramento do primeiro, concentra e distribui fluxos, determina acessos e racionaliza o sistema viário. Um estacionamento semienterrado foi projetado no limite do lote aproveitando a diferença de cotas entre as vias e o terreno. Este gesto esconde a presença do carro limitando-o a um percurso periférico e desnivelado, mantendo um acesso direto a qualquer um dos três edifícios existentes. Assume-se este volume arquitetônico como parte do terreno, como uma curva de nível artificial, um elemento de natureza construída.

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