Concurso – Biblioteca Pública de Santa Catarina

1º lugar

Autores: Bruno Conde, Filipe Gebrim Doria, Filipe Lima Romeiro, Lucas Bittar

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PARTIDO

Pensar o projeto de readequação do edifício da Biblioteca Pública de Santa Catarina nos leva além das considerações pertinentes aos aspectos materiais da intervenção. Acreditamos que a mesma deva impor-se como uma importante referência na sociedade local. Mais que apenas resultar em um novo edifício, ambicionamos construir um lugar. Um signo urbano forte e legível, um espaço rico, agradável, que atraia as pessoas, para ser usufruído em sua plenitude pela população.

“Uma visão poética, que ultrapassa, na sua dimensão humana, a estrita necessidade. A Arquitetura não deseja ser funcional, mas oportuna.”

A partir destas premissas, surge um aparente antagonismo: como criar um edifício que tenha uma relação “aberta” com o espaço público, a malha urbana, mas que ao mesmo tempo, como biblioteca, tem como característica intrínseca o fato de ser um espaço que deve privilegiar a introspecção?

Revela-se então o seguinte partido: externamente o edifício diferencia-se das outras construções da região, enquanto espaço destinado a atividades diferentes dos escritórios e dos prédios comerciais do centro da cidade, através de uma fachada intrigante para quem olha da rua. Internamente o edifício é trabalhado de modo a gerar uma riqueza espacial, utilizando de recursos como os vazios, que dão unidade visual e integram o edifício verticalmente, e iluminação natural, através de aberturas zenitais. Cria-se assim uma diversidade de ambientes; ora generosos, com espaços abertos e pé-direito monumental, ora mais aconchegantes, restritos; ora mais dinâmicos, ora mais calmos…

RESOLUÇÃO PROGRAMÁTICA

Essa diversidade de espaços e ambientes vem de encontro à necessidade de atender a todas as questões técnicas e funcionais envolvidas em um projeto de biblioteca, dentre os quais: – Correta distribuição dos fluxos e controles de acesso – Distinção dos ambientes conforme: tipo de uso; tipo de apropriação do espaço; dinâmica do uso – Condições de temperatura e umidade adequadas ao acervo – Condições de iluminação e ventilação adequadas às áreas de leitura

Dentro de uma lógica de setorização, optamos pela divisão do programa em 4 partes distintas, contemplando as seguintes funções âncora: 1 – Acesso / Café / Periódicos Diários / Espaço de Eventos / Auditório – O térreo do edifício funciona como uma transição entre o espaço público por excelência, a rua, e os demais ambientes do edifício. Os fechamentos são feitos em vidro, de modo a não quebrar a permeabilidade visual. Um “túnel” marca o acesso – este leva o pedestre da rua até o interior do edifício, passando por um painel de exposições e com o café ao fundo. Por uma escada pode-se descer para o espaço de eventos e para o auditório; os mesmos também podem ser acessados de forma independente pela Rua Álvaro de Carvalho. Por uma passarela se chega à área fechada da BPSC, logo na entrada está a área dos periódicos, que ocupa um grande salão possuindo também uma área externa. A circulação para os demais andares pode ser feito por meio de elevador ou escada. A escada, em estrutura metálica, dispõe-se de forma solta no espaço, de modo a ficar explícito por onde é feita a circulação entre os pavimentos.

2 – Divisão de Pesquisa e Memória – Situa-se no pavimento inferior do edifício e é acessada pelo usuário através da circulação interna da biblioteca. O acervo está em local reservado, com controle severo de temperatura e umidade do ar – o mesmo está diretamente ligado ao acesso secundário. As áreas de leitura e os laboratórios estão em local privilegiado e voltam-se para a parede jardim, recebendo iluminação natural.

3 – Divisão Infanto-Juvenil / Serviço de Multimídia e Internet / Divisão de Atendimento ao Usuário – Configura-se como um espaço para receber a maior concentração de freqüentadores da BPSC, ocupando o 1º, 2º e 3º pavimentos. No 1º pavimento, com fechamentos em vidro e maior luminosidade dispõe-se a divisão infanto-juvenil e o serviço multimídia e internet. O layout é definido pelo desenho livre das estantes, com 1,20m de altura, criando um ambiente lúdico e dinâmico. No 2º e 3º pavimentos, ocupados pela divisão de atendimento ao usuário, o fechamento das fachadas é opaco, protegendo o acervo da radiação solar direta. As estantes dispõem-se de forma linear ao longo das paredes periféricas, formando um grande “salão de livros” ao redor do vazio central, que integra os três pavimentos e permite a entrada de luz zenital.

4 – Divisão Geral Administrativa / Serviços Gerais – Localizada no 4º e último pavimento do edifício, não interfere no fluxo de usuários das demais áreas da BPSC, sendo dividido entre um núcleo que compreende as áreas molhadas e uma área de planta livre, com layout definido por divisórias leves.

ESTRUTURA

Para alcançar o resultado pretendido no projeto, propõe-se a subtração de alguns trechos da estrutura e a consequente inserção de uma nova estrutura metálica. No térreo ocorre a retirada de dois módulos da estrutura original, gerando um espaço continuo entre o térreo e o pavimento inferior. Para possibilitar o vazio central no 2° e 3° pavimentos foram subtraídos três módulos da estrutura em cada andar, as vigas e lajes são substituídas e a estrutura nova trava a movimentação horizontal da estrutura existente. A antiga laje de cobertura do edifício receberá um reforço estrutural para poder abrigar o 4º pavimento. A cobertura projetada para esse andar é composta por uma estrutura metálica leve e utiliza telha composta com tratamento termo-acústico.

CIRCULAÇÃO VERTICAL

O núcleo de circulação vertical original foi substituído por um novo núcleo. Este passa a ocupar a fachada sudoeste, que está praticamente encostada na empena do edifício vizinho. Libera-se assim as outras fachadas do edifício, mais privilegiadas, para a resolução programática e para entrada de luz natural.

CONFORTO AMBIENTAL

É previsto o uso de sistema de climatização no edifício, tanto para conservação do acervo como para conforto dos usuários. O edifício receberá um brise-soleil composto de aletas metálicas, dispostas na vertical, a 60cm do fechamento interno. Este protege o edifício da indesejada incidência luminosa direta e cria uma camada de ar que ameniza o contraste térmico entre exterior e interior, otimizando o balanço térmico interno.

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Ficha Técnica

Autores:

Bruno Conde, Filipe Gebrim Doria, Filipe Lima Romeiro, Lucas Bittar

Consultores:

ZPM Engenharia (Estrutura)

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Agradecemos aos autores do projeto pela disponibilização das informações.