Apresentação:
O Ministério da Cultura vai promover um concurso para selecionar a melhor concepção de projeto arquitetônico para as Arenas Culturais da Copa.
As Arenas Culturais serão espaços coletivos de convivência e fruição imersiva de conteúdos culturais baseados em quatro focos: Brasil Diverso; Brasil Audiovisual; Brasil Criativo e Brasil das Artes.
A proposta é reunir em 12 espaços simultâneos mostras e circulação da produção cultural brasileira, seja na gastronomia, design, moda, dança, teatro, música, afro-brasileira, indígena, independente da região onde ocorra, permitindo aos presentes uma visão complexa do conjunto do país.
Quem pode participar:
Arquitetos diplomados registrados no CAU / CREA / CONFEA; sozinhos ou em equipe.
Tipo de concurso:
Nacional, para profissionais, em duas etapas.
Cronograma:
1.1 Inscrições: 23 de julho de 2012 a 31 de julho de 2012
1.2 Consultas: envio das perguntas até 27 de julho de 2012
1.3 Prazo para recebimento dos projetos: 31 de julho de 2012
1.4 Abertura dos envelopes : 03 de agosto de 2012 às 10:00 horas
Premiação:
1º lugar – R$ 25.000,00 (Vinte e cinco mil reais)
2º lugar – R$ 15.000,00 (Quinze mil reais)
3º lugar – R$ 10.000,00 (Dez mil reais)
O responsável pelo projeto vencedor terá contrato firmado com o Ministério da Cultura para o desenvolvimento dos projetos executivos de arquitetura e engenharia, no valor de R$ 315 mil.
Além da premiação, a comissão julgadora também poderá indicar menções honrosas.
Já se tem os premiados. Senti falta da publicação do projeto que recebeu Menção Honrosa.Será que podemos saber um pouco mais sobre as premiações e projetos apresentados?
Desculpem-me… é extremamente pertinente a discussão quanto às questões de custo/viabilidade, mas não sei se entendi errado, ou o prazo para elaboração das propostas é 31deJulho? Da abertura das inscrições até a entrega são 8 dias? É isso mesmo?
É realmente um abuso esta remuneração proposta pelo Ministério da Cultura, simplesmente a metado do valor real para o projeto executivo de uma destas Arenas que corresponde a 9.000m² . Pelo visto acreditam que replicar o projeto 12 vezes não terá custo nenhum para o autor do projeto, cade o direito intelectual e de propriedade?
Outra coisa, a meu ver tanto o CAU como o IAB só podem intervir ou se responsabilizar por concursos promovidos por eles. Neste caso quem esta promovendo é o MinC e cabe ao MinC rever esta condição.
Triste… como aluno de Arquitetura e Urbanismo não há nada mais DESMOTIVADOR do que presenciar (outra vêz) situações como essa que demonstram claramente que nossa cultura está em crise. “A Fachada Dela” continua “repleta de boas idéias, de bons programas”… mas também cheia de gente, profissionais da tal cultura – em diferentes níveis de atribuições nos órgãos decisores governamentais, que evidentemente não tem competência para estar no lugar em que está, senão não proporia trabalharmos com valores como as da proposta, a R$ 480,45/m2… e tudo o mais que implicaria “ser vencedor” num concurso como esses. Isso assim como está é rotular de imbecís a todos os participantes! Sim, triste!
“O responsável pelo projeto vencedor terá contrato firmado com o Ministério da Cultura para o desenvolvimento dos projetos executivos de arquitetura e engenharia, no valor de R$ 315 mil.”
Sem mais.
Pelo que entendi, o valor de R$ 480,45 /m² é o referencial para o pagamento dos honorários dos projetos. Conforme descrito no anexo V, tomaram como base o valor utilizado para projeto de “galpão industrial” para uma obra que terá uma diversidade de ambientes (conforme o programa de necessidades proposto) muito maior que um simples galpão.
O custo da obra será, é claro, bem mais elevado que os irrisórios R$ 480,45/m² e será definido na elaboração das planilhas orçamentárias, serviço que está incluso no contrato a ser assinado pelo vencendor.
É lamentável.
Deveriam ter feito isso nos contratos dos estádios, aí teríamos 12 estádios iguais com projeto pelo preço de galpão fabril.
Mensagem enviada para ouvidoria do ministério da Cultura:
Sobre O concurso para Arenas Culturais para copa do mundo:
Concurso Nacional de arquitetura Arenas Culturais
Nº 001/2012
Processo Nº 01400.008071/2012-52
Sou Arquiteto e participo de concursos de arquitetura a mais de 10 anos tendo recebido premiações em vários deles ao longo deste tempo e desenvolvido projetos executivos p/licitações para os que ganhei, com seriedade e responsabilidade portanto acredito que tenho know how para dispor sobre este processo.
Como os comentários feitos na pagina do concurso não foram publicadas pelo moderador, portanto reencaminho os mesmos a vocês:
– primeiro, os valores estimados para obra e projetos estão completamente subestimados o que revela inexperiência ou má fé dos organizadores e deve gerar uma serie de problemas futuros. Acreditar que o custo de uma obra desta complexidade (com salas de cinemas, auditório, salas de exposição…)seja de R$ 480,00 o m2 (valor estimado para obras de pavilhões industriais) é atestado de desconhecimento total da realidade do mercado, meus caros atualmente nem habitação popular orçada pela CEF e construída por um CUB deste valor, quiçá um equipamento que pede requerimentos especiais (iluminação cênica e sonorização, arquibancadas e divisórias retrateis, estruturas para vencer grandes vãos, condicionamento térmico, e soluções técnicas sustentáveis…. itens que agregam valor a obra mas geram custos significativos bem distantes dos 480,00 o R$/m2 previstos.
Então, como encarar com seriedade este certame? e com base neste valor foram estimados os honorários dos projetistas, consequentemente também subestimados. Meus caros é inviável desenvolver um projeto executivo serio e completo pelos valores estabelecido, e se considerar os valores propostos para os projetos complementares tenho que dizer que eu mesmo teria vergonha de buscar propostas de projetistas complementares para desenvolvimento dos projetos pelos valores estabelecidos para os mesmos. E uma licitação futura de um equipamento desta envergadura pelo valor acima referido? Ficção.
Outro ponto a abordar é a questão da cessão dos direitos autorais (incrivelmente solicitada pelo ministério da cultura) e transcrevo a seguir comentário de outro colega arquiteto (Silvio de Podestá) retirado da pagina do concurso:
É difícil compreende como o Minc insere uma cláusula onde exige a cessão do direito patrimonial além da declaração de “?desejar manter anônimo em relação ao projeto em questão”, e que? “por livre e espontânea vontade manifesta-se de acordo com a presente cessão, transferindo sua titularidade patrimonial, ?.” e etc., Anexo VII paginas 54, 55 “?. contratando ou autorizando sua edição para terceiros.”
Ou não entendi ou este é tipo do termo de cessão que, ou esta mal redigido e vai contra qualquer lei federal que trata do assunto porque não se transfere autoria e/ou autoria não é patrimônio transferível ou pretende dizer que a cessão de direitos diz respeito ao uso único e exclusivo para o tipo de uso estabelecido pelo edital, o que é correto. Mas manter o anonimato por livre e espontânea vontade é ridículo que se eu assim não o fizer não posso participar então não consigo entender o livre e espontâneo. Lei federal é lei federal e nenhum edital a sobrepõe, mesmo sendo do Minc.
O que entendo é que a seção dos direitos é exclusivamente para possibilitar a execução do projeto 12 vezes(pois serão 12 arenas construídas) com área total de aproximadamente 100.000,00m²), sem a remuneração correta estabelecida pelas tabelas para as repetições. Meus caros .Projeto arquitetônico e trabalho intelectual, é bem cultural, vide o patrimônio que temos no Brasil do nosso mestre Oscar Niemeyer, como ceder nossos direitos?
Tenho certeza que este certame esta fadado ao insucesso, pois acredito que escritórios sérios e competentes , que são muitos em nosso pais, não iram se aventurar nesta empreitada o que é uma pena pois o objeto de concurso será visto e utilizado por milhares de pessoas que visitaram nosso pais e ele deveria além ser um equipamento de qualidade inestimada ter também um valor simbólico agregado que representasse nossa cultura, o que provavelmente não ira acontecer.
Falta de competência (ou cultura) do nosso ministério da cultura?
CAU, IAB onde andam vocês?…a anos participo de concursos de arquitetura, mas confesso que ainda fico surpreso com algumas coisas que nos apresentam. A pouco vimos a divulgação de um que pede a entrega de um projeto executivo sem desenvolvimento simultâneo de projetos complementares e onde o arquiteto recebe apenas 10% do valor do projeto para desenvolvimento completo do trabalho sem a menor garantia de que venha a receber posteriormente o restante do valor do contrato. Sensacional. Agora nos apresentam este, Arena Cultural, projeto de aprox. 9.000,00m2 (com salas de cinemas, auditório de 500 lugares, restaurantes bares, cobertura retratil… )estimado em- pasmem- CUB R$ 480,45m2! (creio eu que nem casa popular seja feita por este valor por meio de licitação atualmente no Brasil). E o Valor estimado para TODOS os projetos é de R$ 340.000,00.!
E ai o que fazer???? Dirão alguns: basta não fazer o concurso….Mas não basta não, ou mudamos agora esta sucessão de desrespeito e desvalorização da nossa profissão ou viramos praticantes da Arquifilantropia esquecendo que precisamos de remuneração coerente para viver.