Concurso Nacional para a Sede do Campo Olímpico de Golfe
Menção Honrosa – Projeto 302 – RJ
Autor – Caio Calafate
Co-autores – Gregorio Rosenbusch, Juliana Sicuro, Pedro Varella e Vitor Garcez
Colaborador – Miguel Nobrega
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Memória de Projeto
1- Edifício e Paisagem
A Barra da Tijuca tem por característica uma paisagem extensa, um horizonte distante.Entre torres vê-se o mar, a lagoa, os maciços. Os edifícios se desenvolvem como objetos independentes, ainda que sob uma ordem que os articula. As contradições entre artíficio e natureza parecem mais claras neste contexto. O programa da futura Sede do Campo de Golfe Olímpico nos motiva a pensar o edifício como um lugar de mediação entre arquitetura e paisagem.
2- Programa e estratégia de projeto
O edifício se implanta no terreno como um sistema de objetos definidos a partir do agrupamento,em quatro blocos, de programas afins.
– Club House (loja, pavilhão de eventos, restaurante, cozinha e apoio)
– Administrativo (recepção, administração, sala de múltiplos usos e sedes das
confederações)
– Acesso ao Campoconforto dos jogadores e garagem de carros elétricos
– Academia
Três operações estruturam a organização espacial do conjunto. Estas têm por objetivo construir uma paisagem próxima ao edifício, áreas livres semi-contidas, que fazem uma mediação entre o edifício e a paisagem distante, o horizonte. As operações são:
A – Concavidade – A articulação em ângulo obtuso do Club House com o bloco administrativo define uma paisagem côncava na perspectiva de quem chega ao estacionamento e ao conjunto edilício. Esta operação geométrica estende o edifício sobre a paisagem e dá um sentido próprio à fração livre do terreno que com estas fachadas se relaciona.
B- Proximidade ou distanciamento – A relação da academia, um bloco independente, com o restante do programa, é de uma proximidade ou distanciamento controlado, aquele capaz de estabelecer uma sinergia com o restante do conjunto, no sentido de gerar uma área livre de caráter doméstico, em sintonia com os outros programas que a compõem: administração, confederações, garagem.
C- Perímetro diluído – O perímetro do edifício é desfolhado em camadas, tem espessura e profundidade, constitui-se não como uma pele mas como lugar de transição.
As fachadas a sul e a sudoeste são avarandadas e configuram os espaços de circulação do edifício.
Definido por um duplo alinhamento ritmado de colunas altas e esbeltas, esta galeria sombreada recebe transversalmente os ventos do sul. Desníveis 1,50 m acima e abaixo do nível da varanda levam ao restaurante e pavilhão de eventos, conformando um conjunto de programas que se relacionam por rampas e visualmente.
As fachadas orientadas a norte e a nordeste são compostas por painéis de vidros fixos e basculantes, beiral pronunciado e uma delicada estrutura de vergalhões com trepadeiras.
3- Materialidade e Estratégia de Obra
A interpretação do programa, suas especificidades e caráter, orientaram as decisões construtivas e materialmente expressivas do edifício. Aquilo que é sistemático, que estruturalmente se repete de forma modular, constrói-se em concreto armado.O perímetro do edifício e as galerias, definidas por um alinhamento duplo de colunas, ganham expressividade no espaçamento, ritmo, número e repetição destes elementos.
Os momentos de exceção no edifício (pavilhão de eventos e restaurante), que demandam vãos livres maiores, resolve-se estruturalmente com vigas de madeira multi-laminada, enrijecidas com pontaletes e cabos de aço, configurando uma cobertura leve, aérea.
4- Paisagismo
O tratamento paisagístico proposto desenvolve basicamente duas continuidades:
– Extensão da mata ciliar da lagoa de Marapendi ao longo dos limites leste e norte do
terreno, constituindo uma franja protetora do conjunto.
– Extensão do desenho de massas arbustivas em faixas no sentido norte-sul, presente no
campo de golfe, ao longo do limite do terreno com o driving-range.
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Agradecemos aos autores pela disponibilização do projeto para publicação.